Biografia de Freud: Ciúmes de Martha

Quarenta anos mais tarde, Freud analisaria o ciúme leve como um “estado afetivo”, semelhante à tristeza, que se pode muito bem considerar “normal”; sua ausência marcada, pensava ele, é necessariamente um sintoma de profunda repressão. Mas o ciúme de Freud ia além do compreensível ressentimento que um amante pode sentir contra seus rivais. Para ele, Martha Bernays, sua noiva, não devia tratar familiarmente um primo pelo primeiro nome, mas devia empregar formalmente seu sobrenome. Não devia mostrar uma predileção tão visível por dois de seus admiradores, um deles compositor e o outro pintor: como artistas, escreveu Freud mal-humorado, eles tinham uma vantagem injusta sobre um simples cientista como ele. E, sobretudo, ela devia abandonar todos os outros. Mas esses outros invasores incluíam sua mãe e seu irmão Eli (…)

Peter Gay em Freud: uma vida para o nosso tempo.