Voraz, assim eu chamo aquele que vai para o deserto sem Deus e que aniquilou o seu coração reverente.
No meio da areia fulva, queimado pelo sol, morrendo de sede ele olha para as ilhas copiosas fontes onde, sob árvores de grande ramagem, repousam os vivos.
Mas sua sede não o persuade a imitar esses que estão satisfeitos porque onde há oásis também há ídolos.
Faminta, violenta, solitária, sem Deus, assim se quer a si própria a vontade leonina.
Livre da felicidade servil, libertada de deuses e orações, impávida e terrível, grande e solitária essa é a vontade do voraz.
No deserto têm vivido sempre os verdadeiros, os espíritos livres, como senhores do deserto.
– Nietzsche em Assim falou Zaratustra.
Muuuuuuuuuuuuuuuuito bom!
Havia tempo que não via uma pitonisa da geração rebelde. Uma guerreira do seu tempo.
Uma sobrevivente, que adota o resistir (de Espinosa) enquanto existe!
É sacrílegamente soberba. Uma página recheada de viés. Que sai da filosofia e mergulha na densa literatura, com um desenvoltura que pouco se observa noutras páginas. Digna de um espírito livre, de alguém que conseguiu romper os grilhões dos dogmas e pôde ver a luz, visto que antes estava na escuridão.
É minha a emoção de ter topado, em meio a esse emaranhado cibernético, com tão refinado gosto, parabéns pitonisa.