Suicídio – Balzac

O suicídio é feito de um sentimento que, se permitirem, chamaremos de estima por si mesmo, que não deve ser confundida com a palavra hora. No dia em que o homem se despreza, no dia em que se vê desprezado, no momento em que a realidade da vida em desacordo com as esperanças, nesse dia ele se mata e assim presta homenagem à sociedade, diante da qual não quer ficar despido de virtudes ou esplendor. Digam o que disserem, entre os ateus (é preciso excluir o cristão do suicídio), só os covardes aceitam uma vida desonrada. O suicídio é de três naturezas: há aquele suicídio que não passa de último acesso de uma longa doenças que, sem dúvida, é da alçada da patologia; depois, há o suicídio por desespero e, enfim, o suicídio por raciocínio.

Balzac em Ilusões perdidas.