Acrescente-se a tudo isso – em si surpreendente – o fato de que, à decadência da família patriarcal, à ascensão das mulheres à condição de, muitas vezes, mantenedoras e provedoras do sustento familiar, as relações entre pais e filhos se "democratizaram": os filhos são constantemente solicitados a opinarem e decidirem sobre temas que, até há pouco, estavam reservados à responsabilidade adulta. Mas, numa época de "crepúsculo do dever", as antigas atribuições dos adultos também se enfraqueceram: desresponsabilização em relação aos filhos, resistência a assumir e viver a maturidade, culto de uma juventude prolongada expresso em termos de uma obssessiva corporeidade saudável, alimentação balanceada, cirurgias estéticas, consumo incontrolável de medicamentos "regeneradores", cosméticos "anti-rugas"… indicadores de um individualismo narcísico que podemos interpretar como a manifestação, no adulto, do egocentrismo habitualmente associado à criança.