.:  (…) Durante muito tempo, em seus usos e abusos, a palavra esteve demasiado ligada aos interdidos religiosos para que uma violência desse gênero não fosse encarada como próxima ao sacrilégio. E até os meados do século XVI as violências do verbo e do gesto ainda dependem das velhas penas religiosas: golilha, pelourinho, incisão nos lábios com ferro em brasa, seguida de ablação da língua e enfim, em caso de nova reincidência, a fogueira.

 

.:  Esta evolução no regime das blasfêmias e das profanações poderia ser observada igualmente em relação ao suicídio, que durante muito tempo pertenceu à esfera do crime e do sacrilégio; por essa razão, o suicídio fracassado devia ser punido com a morte.