Cícero havia explicado que as mulheres deviam ficar submetidas a guardiões masculinos devido à debilidade de seu intelecto.
As romanas passavam das mãos de um varão às mãos de outro varão. O pai que casava a filha podia cedê-la ao marido como propriedade ou entregá-la como empréstimo. Fosse como fosse, o que importa era o dote, o patrimônio, a herança: do prazer, cuidavam as escravas.
Os médicos romanos acreditavam, como Aristóteles, que as mulheres todas, patrícias, plebéias ou escravas, tinham menos dentes e menos cérebro que os homens e que nos dias de menstrução embaçavam os espelhos com um véu avermelhado.
Plínio, o Velho, a maior autoridade científica do império, demonstrou que a mulher menstruada azedava o vinho novo, esterilizava as colheitas, secava as sementes e as frutas, matava os enxertos das plantas e os exames de abelhas, enferrujava o bronze e enlouquecia os cães.
– Eduardo Galeano em Espelhos.