Durante muito tempo o mundo do progresso dormiu cedo. Todo o século XIX viu construir-se um conjunto de aparelhagens de conceitos políticos, de utopias higiênicas, de metodologias científicas, de aberturas de campos de conhecimentos, se justificando de modo sui generis por contribuir para a “felicidade” da Humanidade. Eles fizeram do Saber e da Técnica os vetores do progresso social e os aliados da emancipação cidadã e democrática. A efetividade do nazismo veio desmentir, percutindo-a, esta ilusão. Nada do apetite predador e das pulsões destruidoras que trabalham a humanidade havia sido debelado. Ao contrário, convém constatar com Max Horkheimer que “se os homens não se tornaram melhores com o desenvolvimento das faculdades trazidas pelo Saber, significa então que eles se tornam piores”.
Em 1938, ao modo de indicação testamental, Sigmund Freud já apontava, em Moisés e o monoteísmo, esta decepção: “vivemos um tempo particularmente curioso. Descobrimos com surpresa que o progresso concluiu um pacto com a Barbárie.”
– Gérard Rabinovitch em Preocupa o teu próximo como a ti mesmo – Notas críticas a modernidade e holocausto de Zygmunt Bauman
Texto na íntegra: http://www.scielo.br/pdf/agora/v6n2/v6n2a08.pdf