Ocorreu-me a ideia de forjar um artifício de exposição que desse voz ao inconsciente do menino edipiano. Falando na primeira pessoa, o inconsciente dele nos contaria as peripécias de sua crise edipiana. Eis o que ele nos confiaria: “Eu, o inconsciente, falo: sinto excitações penianas -> Tenho o falo e me acredito onipotente -> Desejo, ao mesmo tempo, possuir e ser possuído por meus pais, além de eliminar meu pai -> Sinto prazer em fantasiar -> Meu pai ameaça me castigar, castrando-me -> Vejo a ausência do pênis-falo numa menina e em minha mãe -> Angustio-me -> Paro de desejar meus pais e salvo meu pênis -> Assim, supero a angústia -> Esqueço tudo: desejo, fantasias e angústia -> Separo-me sexualmente de meus pais e faço minha a moral deles -> Começo a compreender que meu pai é um homem e minha mãe é uma mulher, e, aos poucos, começo a me aperceber de que também pertenço à linhagem dos homens (…). ”
– Juan-David Nasio em Os grandes casos de psicose.