Eu me impressionava com a tenacidade da sua obsessão amorosa, que a possuíra por oito anos sem qualquer reforço externo. A obsessão preenchia todos os espaços de sua vida. Ela estava certa: estava vivendo sua vida oito anos atrás. A obsessão deveria retirar parte de sua força do empobrecimento do restante da existência de Thelma. Eu duvidava que seria possível separá-la de sua obsessão sem antes ajudá-la a enriquecer outras áreas de sua vida.
Eu me perguntei sobre a quantidade de intimidade que haveria em sua vida cotidiana. Pelo que ela me contara até o momento sobre o seu casamento, aparentemente havia pouca proximidade entre ela e o marido. Talvez a função da obsessão fosse simplesmente proporcionar intimidade: ela a vinculava a um outro — mas não a uma pessoa real, e sim a uma fantasia.
(…)
Thelma sentia, embora não tivesse dito explicitamente na época, que a obsessão continha infinitamente mais vitalidade do que sua experiência vivida. (Mais tarde iríamos explorar, também com um impacto mínimo, o reverso desta fórmula: que era primariamente por causa do empobrecimento de sua vida que ela abraçara a obsessão.)
– Irvin D. Yalom em O carrasco do amor.