Haiti, que é o país mais pobre do hemisfério ocidental, estava bloqueado por culpa do Estado do Haiti porque o estado haitiano estava subsidiando o arroz, o que era desleal nos termos da livre concorrência dos mercados. Adeus subsídios! Acabaram-se os meios protetores do arroz nacional, e acabou-se o arroz nacional. Então os camponeses que cultivavam o arroz foram empurrados à mendigação ou às balsas e o Haiti se converteu em um país importador do arroz dos EUA. É claro que o arroz nos EUA está muito mais subsidiado que o arroz haitiano, mas os técnicos, os especialistas são pessoas “um pouco distraídas” e nenhum deles “pensou” em “avisá-los”. No final das contas, os EUA são o país que mais deve no mundo, devem tanto quanto devem todos os outros países juntos, mas nem FMI, Banco Mundial, e nenhum destes organismos pesou em ir à Casa Branca e dizer ao presidente que “vocês devem fazer isto, e isto não podem fazer, porque não gostamos”. Então o arroz continuou sendo subsidiado nos EUA e os camponeses haitianos cumpriram seu destino de miséria e morte.
– Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio.
A União Europeia e os EUA financiaram aos montes a produção agrícola obtendo o resultado que veio definido como “dumping” que é quando a venda de um produto agrícola é vendido a um preço inferior ao custo de produção.
– Vittorio Agnoletto, ex porta-voz do Fórum Social de Gênova.
Atualmente, no mercado de Dakar, um mercado em Sandaga é possível comprar frutas e verduras francesas um terço mais baratos que as verduras produzidas no Senegal.
Porque a agricultura europeia recebe subvenções à exportação, subvenções à produção, e exporta aos países do terceiro mundo ao preço de “dumping” que arruína a agricultura dos países do Sul, e que criam a fome, e que destroem as sociedades agrícolas da África Ocidental ou de outros lugares.
– Jean Ziegler, relator das Nações Unidas para a alimentação.
Falas ditas no documentário Vozes contra a globalização – O mundo hoje.