O cristianismo fez tudo o que lhe era possível para fechar o círculo em torno dele: declarou a dúvida, por si só, um pecado.
Devemos ser lançados na fé sem a ajuda da razão, por um milagre, e aí nadar como no elemento mais límpido e menos equivoco: um simples olhar lançado para a terra firme, o único pensamento de que talvez não fôssemos feitos para nadar, o menor sobressalto de nossa natureza anfíbia – são suficientes para nos levar a cometer um pecado!
Devemos notar que, desse modo, as provas da fé e de qualquer reflexão sobre a origem da fé são condenáveis. Exige-se a cegueira e a embriaguez e um canto eterno sobre as ondas em que a razão se afogou!
– Nietzsche em Aurora.