A história da loucura – Foucault

.: A décima parte aproximadamente das prisões feitas em Paris (fim do século XVIII), com destino ao Hospital Geral, diz respeito aos "insanos", homens "em demência", pessoas de "espírito alienado", "pessoas que se tornaram inteiramente loucas".

.: Uma palavra assinala-a – simboliza-a quase -, uma das mais freqüentes que se encontrarm nos livros dos internamento: "furioso". "Furor", como veremos, é um termo técnico de jurisprudência e da medicina; designa de modo preciso uma das formas da loucura. Mas no vocabulário do internamento ele diz muito mais e muitos menos que isso. Alude a todas as formas de violência que espacam à desfinição  rigorosa do crime e à sua apreensão jurídica: o qu evida é ua espécie de região indiferenciada da desordem – desordem do espírito -, todo  o domínio obscuro de uma raiva ameaçadora quesurge aquém de uma possível condenação. Noção confusa para nós, talvez, mas suficientemente clara para ditar o imperativo policial e moral do internamento. Internar alguém dizendo que um "furioso", sem especificar se é doente ou criminoso, é um poderes que a razão clássica atribui a si mesma, na experiência que teve da loucura.

.: T. Monro, médico de Bethleem desde 1783, traçou  as linhas gerais de sua prática para a Comissão de Inquérito das Comunas:

Os doentes devem ser sangrados o mais tardar até o fim do mês de maior, conforme o tempo que fizer; após a sangria, devem tomar vomitatórios uma vez por semana, durante um certo número de semanas. Após o quê, os purgamos. Isso foi praticado durante anos antes de mim, e me foi transmitido por meu pai; não conheço prática melhor.