Dou-me de presente todas as ideias. Só não me dou de presente a ideia de infinito. Não me acostumei em vida a justificar qualquer hierarquia, não me acostumei a pensar a desigualdade.
A relação do homem com o infinito não passa pelo campo do saber. O infinito é um desejo que se nutre de sua própria fome de… infinito!
Eu, um metafísico?! De jeito nenhum. Encantam-me os paradoxos. Ou melhor: sou vítima dos paradoxos.
Se levanto o punhal para assassiná-los, os paradoxos zombam de mim. Quanto mais zombam de mim, mais os admiro, por sua inconsistência sedutora.
Ah! Os paradoxos!… Tento corrigi-los. Ossos do ofício de quem foi um dia revisor de jornal!
– Graciliano Ramos foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro do século XX.