Sem dúvida, a maior contribuição de Freud para o estudo do comportamento exibicionista deve ser sua insistência em que cada um de nós começou a vida como um bebê exibicionista e, apesar de a maioria conseguir conter o impulso de se exibir sem razão, o pervertido clínico falha nesse aspecto. Contudo, ao insistir em que todos os adultos, homens e mulheres, praticaram a exibição genital quando crianças e também tiveram prazer nisso, Freud ajudou a humanizar essa conduta e, ao fazê-lo, creio eu, colabora conosco na campanha de encarar o exibicionista clínico com maior compaixão e empatia.
Ferenczi conclui que o impulso para o indivíduo exibir seu pênis potente, que deve ser tentador, foi tão reprimido que poderia transformar-se no seu oposto, ou seja, um medo de olhar para si mesmo, como defesa contra a exibição.
Jeno Hárnik inferir que o exibicionismo tem para os homens um papel importante, o da defesa contra a angústia de castração. Em vista da vulnerabilidade real da genitália, ainda mais no tempo da primeira infância, há muito esquecido, os homens adultos se reafirmam temporariamente com o ato de exibicionista, que reforça a ideia de que ainda têm um pênis intacto.
Hárnik também ajudou a explicar por que os casos de exibicionismo genital ocorrem tão raramente nas mulheres. Ele supôs que as mulheres, já que sentem vergonha por não terem um pênis, como Freud propusera, não querem exibir a genitália, pois assim mostrariam a vergonhosa inexistência dele. Além disso, Hárnik conclui que, embora a maioria das mulheres não exponha os genitais do mesmo modo que alguns homens pervertidos, elas exibem o corpo inteiro, preocupadas com o físico e a beleza, de modo que estão sempre à mostra.
– Brett Kahr em Conceitos da Psicanálise – Exibicionismo.