Para ela, a música é libertadora – Milan Kundera

Para Sabina, viver significa ver. A visão é limitada por uma dupla fronteira: a luz intensa, que cega, e a escuridão total. Talvez daí é que venha sua repugnância por todo extremismo. Os extremos delimitam a fronteira além do qual a vida termina, e a paixão pelo extremismo, em arte como em política, é um desejo de morte disfarçado. Para ela, a música é libertadora: ela o liberta da solidão e da clausura, da poeira das bibliotecas, e lhe abre no corpo as portas por onde a alma pode sair para confraternizar.

Milan Kundera em A insustentável leveza do ser.